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Soutelo - As minhas Lembranças

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SOUTELO

É esta a aldeia onde nasci, pertence a concelho de Cinfães, distrito de Viseu.

Hoje está práticamente toda remodelada, está mais bonita.

Ainda me lembro de haver muitas casas em que o telhado era todo feito em colmo: "Telhados de Colmo".. Principalmente as casas das pessoas mais pobres.

 

Esta é a continuação da minha última publicação sobre a minha escola, podes lê-la aqui para entenderes melhor!


O meu pai tinha a sua oficina de ferreiro, onde ele fazia de tudo. Até era conhecido como: “o homem dos 7 ofícios”. Ele era ferreiro de profissão, percebia muito e fazia carpintaria (o pai dele era carpinteiro!) e foi parteiro dos 12 filhos que teve.

O meu pai fazia obras nas casas dos amigos e na nossa. Ele era só o melhor caçador. Ele, quando estávamos doentes, era quem nos dava as injecções (e não doiam nada!).

Quando morriam as pessoas da aldeia era ele que fazia os caixões e os enfeitava com decorações minuciosas e bem feitas. Fez para a primeira filha que morreu com 4 anos. Fez para os meus avós maternos e tios. O último foi para um filho com ano e meio, esse ainda me lembro, eu tinha uns 8 anos. E jurou não fazer mais nenhum, porque lhe custava muito fazer para filhos dele.


Quando nós em criança tínhamos os dentes abanar, era ele que tratava disso e chegou a tirar alguns dentes à minha mãe!!!... Como teve muitos filhos e os médicos eram de muito longe, não havia estradas, ele era o pronto-socorro lá de casa. Ainda me lembro do meu pai ir comigo a cavalo para o médico, quando a coisa era séria.


Uma coisa engraçada de que me lembro e gostava de partilhar na minha história de vida:

O meu pai tinha um vizinho amigo que tinha 2 cavalos e pediu-lhos emprestados. Ele e a minha mãe lavaram e pentearam os garotos pequenos dos 2 anos 4 anos 6 anos 8 anos (eu era a de 8 ) e 10. E lá fomos conhecer os nossos avós paternos, que viviam numa terra muito distante de nós. Os pais iam a pé e nós íamos nos cavalos (não havia estradas!), era muito difícil ir com crianças tão longe .

Foi muito giro, quando chegamos, ninguém conhecia aquelas pessoas... Eu nem conseguia chamar avô ou avó. Foi muito estranho!

Os meus pais, para nos sentirmos melhor, armaram um piquenique muito bom num terreno junto à casa. Uma manta no relvado, uma toalha com bolos, chouriços, pão e bebidas. E colocou uma grande corda numa pernada bem no alto duma árvore e fez-nos um maravilhoso baloiço.

(Cenas tão boas que ainda recordo com saudade !) Passámos muitas coisas más, mas também muitas coisas boas. Pode-se dizer que fomos umas crianças felizes. Os irmãos mais velhos já não tiveram a mesma sorte, tiveram que crescer à força para ajudar o pai no ofício.

E assim acabo este capítulo das minhas lembranças.

 

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