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Umbelina

Nasci em Lisboa, onde a vida é boa, a 13 de Março de 1952.

Mas isto não começou bem, não respirava, apanhei logo uma tareia em vez de duas palmadas e enfiaram-me numa incubadora.

Lá me safei, mas fiquei sem signo porque as radiações da incubadora se sobrepuseram às astrais.

Tive uma infância problemática por estar sempre a perguntar “Porquê?” e por ser Maria-rapaz, mas sem querer ser rapaz, apenas reivindicava fazer também tudo o que os rapazes faziam, o que foi uma fonte de problemas próprios e alheios.

Nos estudos fui boa no que gostava, e péssima no que não gostava.

Durante 30 anos trabalhei em telecomunicações, por turnos que abrangiam todas as horas do dia, todos os dias do mês, todos os meses do ano. Isso implicou esquecer fins-de-semana e feriados, um estômago de ferro, capacidade de dormir a qualquer hora e cabeça um tanto estrambólica.

 

Nada de vida regrada, por motivos profissionais e outros, claro. Nos últimos anos de trabalho remunerado trabalhei em tradução.

Falhei o 25 de Abril, estava de férias em Amsterdão e telefonaram-me para voltar rapidamente porque tinha sido eleita para a Comissão de Trabalhadores. Voltei a 30 de Abril, mesmo a tempo do 1º de Maio, e nunca vi tanta esperança andar à solta.

Estou na Trupe a tentar aprender coisas que nem sabia que existiam, gosto do primeiro olhar ao desconhecido, da descoberta.

Acredito visceralmente na Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Quanto ao futuro, o meu sonho é que viesse outra pandemia, desta vez de solidariedade; entretanto, o que vier eu traço!

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