Alice
Sou Maria Alice Egas Costa, nasci a 8/10/1945
Do signo balança e da estação do Outono, tempo de colheitas, muito trabalho.
O que aconteceu nesse dia eu não sei, só sei o que a minha mãe contava que ia para o campo e já com dores quando uma senhora, guarda das cancelas do caminho de ferro onde se passava para o campo, lhe disse:
- ó senhora vá para casa, vá para casa!
Mas ela precisava de ir e foi, eu nasci nessa noite, em Vila Nova de Ancos distrito de Coimbra concelho de Soure, região do baixo Mondego onde se cultiva o arroz carolino.
Aí cresci como todas as crianças da aldeia a brincar na rua á vontade e em liberdade, frequentei a escola até á quarta classe e depois trabalhar no campo ao pé dos pais, o trabalho era muito, era de sol a sol, mas havia muita alegria, ranchos de mulheres cantavam riam e falavam, daí veio o meu gosto de cantar.
A minha mocidade foi boa, ainda hoje a recordo que aos oito anos entrei no rancho infantil, aos doze no da mocidade e aos dezesseis no das ceifeirinhas, aos vinte fiz teatro, noites de santo Antonio, foi lindo muita música... nunca esqueço o pano descia, subia e descia e o povo a bater palmas, belas recordações.
Depois casei, vim para Lisboa há cinquenta anos, tenho dois filhos, a Luísa e o Ricardo, e o Lucas neto, aí a vida mudou um pouco, os
filhos cresceram e a Alice procurou divertir- se novamente, entrou em coros, na trupe sénior onde me senti rejuvenescer outra vez e estou muito grata por isso.